Há meses não escrevo nesse blog, não por falta de vontade, mas por pura e absoluta falta de tempo. Mas a notícia vale a pena ser divulgada em português. Espero que meus leitores se entusiasmem como eu me entusiasmei já há dois anos.
Desde a morte de Tancredo Neves em 1985 que a famigerada infecção hospitalar é notícia em nosso país e vira e mexe encontramos notícias referentes ao assunto. Durante décadas, porém, hospitais em todo o Brasil e em todo o mundo produziram milhões de dados estatísticos e atacaram pontualmente "surtos" de infecção hospitalar. Especialistas, mesmo os mais renomados, acreditavam, e muitos ainda acreditam que a infecção hospitalar estará sempre presente entre nós. É comum nos relatórios (quase secretos) das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar encontrarmos expressões do tipo: nossa incidência de pneumonia hospitalar está no nível endêmico.
Foram necessárias décadas para que começássemos a despertar para o fato que ninguém é internado em um hospital para adquirir pneumonia hospitalar e que a ocorrência de pneumonia hospitalar em um paciente, mesmo que de alto risco, é um evento adverso que não tem, ou pelo menos não deveria ter um "nível endêmico". Foi apenas com o surgimento do relatório "To Err is Human" e a seguir com o surgimento da Campanha 5 Milhões de vidas que passamos a entender, ainda que com grandes dificuldades, que o nível endêmico aceitável para a incidência de pneumonia hospitalar é zero.
Mesmo assim, muitos (todos) acreditavam que isso era impossível, jamais conseguiríamos atingir nível zero na incidência de infecções hospitalares. Mais uma vez a ciência nos surpreendeu. Com a publicação dos resultados dos primeiros 18 meses da Campanha 100.000 vidas (predecessora da Campanha 5 M vidas) descobrimos que alguns hospitais conseguiram atravessar um ano sem nenhum caso de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV).
Recentemente, o Institute for Healthcare Improvement publicou novos resultados: mais de 65 hospitais estão há mais de um ano sem nenhum caso de PAV e o Community Hospital East em Indianápolis está há 25 meses livre dessa doença altamente letal.
Diante de dados tão contundentes, é necessário que esse novo paradigma se difunda e que os gestores hospitalares descubram que o impossível é possível. Talvez em alguns anos ou em poucas décadas, sejamos capazes de nos referir à infecção hospitalar como uma das mazelas do passado, como é para nós a Peste que no Século XIV dizimou milhões de vidas humanas.
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