Esse número de mortes coloca as causas ditas “iatrogênicas” como a 8ª. principal causa de morte naquele país, ganhando da AIDS, do Câncer de Mama e dos acidentes por veículos automotores. Estatísticas semelhantes foram demonstradas no Reino Unido, na Austrália, no Canadá e em outros países desenvolvidos. No Brasil, não temos ainda qualquer estatística que aborde essa questão, mas não tenho dúvidas de que, na melhor das hipóteses, estamos nos mesmos patamares norte-americanos. Seguramente, dezenas ou centenas de pessoas morrem diariamente por doenças que não possuíam ao serem internadas em hospitais por todo o país. Afinal, por que haveríamos de ser diferentes dos países mais ricos?
Além do enorme custo em vidas humanas, essas complicações têm enorme custo econômico, transformando-se num verdadeiro ralo de dinheiro, particularmente no serviço público, mas afetando também duramente o sistema privado. Em tempos de discussões acaloradas sobre a CPMF e a emenda 29, é necessário que tomemos real consciência desses fatos e iniciemos discussões profundas, tanto na sociedade civil quanto nos meios relacionados à saúde. Está na hora do discurso de melhoria da qualidade da assistência médica deixar de ser mero tema político-eleitoral e passar a ser abordado de forma científica, com a seriedade e a isenção que o assunto merece. É muito fácil encontrarmos culpados quando erros na assistência médica ocorrem, mas na enorme maioria das vezes o erro não está num indivíduo ou num grupo de indivíduos, a doença é sistêmica e como tal deve ser tratada.